Trabalho remoto internacional: Experiência prévia é requisito?
Qual é o nível de experiência e os requisitos das oportunidades de trabalho remoto internacional? E a remuneração, é compatível?
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Palavras-chave: trabalho, remoto, internacional, home office, carreira, experiência, requisitos, remuneração, salário
Este texto faz parte de uma pequena série de artigos sobre trabalho remoto internacional com foco no mercado de TI. Compartilho um pouco da minha experiência a respeito, alguns detalhes sobre o tema e a realidade ao redor dele, segundo o que tenho percebido.
Se você tiver interesse nos demais textos a respeito, confira o conteúdo no blog. Algumas coisas podem te surpreender...
Por que a pergunta?
Com a altíssima oferta de trabalho na área de TI e a relativa escassez de mão-de-obra qualificada no mercado, tem sido comum ver cada vez mais pessoas interessadas em se tornarem profissionais de TI, principalmente na área de desenvolvimento de software. Inclusive, muitas pessoas tem pensado ou já estão se preparando para mudar de profissão e encarar essa área.
E as grandes mudanças recentes que causaram o boom do trabalho remoto no mundo todo quebraram as barreiras para carreiras internacionais. Isso contribui ainda mais para atrair a atenção tanto de novos interessados como de profissionais já experientes e bem colocados no mercado de trabalho.
Portanto, muita gente pode estar projetando agora uma expectativa de como ou quando poderá entrar nessa onda de carreira internacional e surfá-la, ou pensando se vale a pena tentar, ou até buscando coragem para isso.
Então, ter uma visão do que esse mercado busca de experiência nos profissionais pode dar uma direção a quem precisa.
Experiência prévia é requisito?
Ok, parece uma pergunta desnecessária, pois é claro que se espera experiência prévia de um profissional ao se candidatar para uma vaga de trabalho especializado, a menos que seja um estágio...
E estágios não parecem adequados nesse contexto por enquanto, ao menos nunca vi uma oportunidade para estágio remoto internacional. Até mesmo porque, se uma empresa decide buscar profissionais ao redor do mundo para uma função, não faz muito sentido que seja alguém sem o mínimo de experiência do trabalho a ser feito. Faz mais sentido que estágios estejam disponíveis apenas no mercado local.
Apesar de parecer pouco comum, existe disponibilidade de vagas remotas internacionais para profissionais ainda iniciantes, com pouca experiência, o famoso nível júnior. Mas, geralmente, espera-se ao menos de 1 a 3 anos de experiência para uma vaga deste nível, o que para muitos pode não parecer adequado a um júnior, mas um profissional de TI com até 3 anos de experiência pode sim ser considerado ainda um iniciante.
Porém, como é de se esperar, e faz até muito mais sentido, aparentemente a maioria das vagas disponíveis internacionalmente são para profissionais já experientes. Afinal, uma empresa provavelmente vai importar mão-de-obra quando precisa de pessoal realmente qualificado e não tem alta disponibilidade no seu mercado de trabalho local.
Experiência x Função x Remuneração
O tempo de experiência esperado em oportunidades deste tipo pode variar bastante, dependendo das necessidades da empresa contratante ou da função a ser exercida, mas costuma ser de no mínimo 3 anos acima. Obviamente, a experiência e os conhecimentos exigidos serão proporcionais à função e à remuneração.
Pode parecer muito óbvio o que estou dizendo, mas não é, principalmente se compararmos com o mercado brasileiro. No Brasil, são muito comuns (e até motivos de piadas e memes na Internet) vagas de emprego anunciadas em que se pedem experiências absurdas para funções e salários baixos que não fazem nenhum sentido. Às vezes é possível encontrar até vagas de estágio pedindo conhecimentos que mesmo profissionais com alguns anos de experiência ainda não dominam.
Absurdos desse tipo não parecem acontecer em vagas remotas internacionais, que costumam ter um balanço bastante adequado entre Experiência x Função x Remuneração.
É bem possível também que muitas empresas internacionais, talvez principalmente as norte-americanas, busquem em países da América Latina uma maior disponibilidade de mão-de-obra por um custo-benefício melhor do que no seu mercado de trabalho local.
Ou seja, em países menos desenvolvidos, onde a moeda vale menos que o Dólar e as pessoas já estão acostumadas a um poder de compra menor, pode ser mais fácil encontrar bons profissionais que aceitem uma remuneração menor que a média no país de origem da empresa, mas que ainda será maior que a média no país de origem do profissional.
Assim, para o profissional brasileiro por exemplo, a remuneração provavelmente será sempre mais vantajosa em um trabalho internacional do que para uma função semelhante em uma empresa nacional.
Um novo requisito...
Um detalhe que considero importante observar: atualmente algumas empresas estão requisitando como experiência mais do que apenas a prática na profissão.
Como assim? O que poderia ser pedido como experiência além da atuação profissional na área? Resposta: Trabalho remoto.
Acredite ou não, atualmente tenho visto ofertas de trabalho remoto internacional que pedem experiência prévia com trabalho remoto como requisito ou ao menos como diferencial, inclusive algumas vagas em grandes marcas relacionadas a tecnologia, como Microsoft, Spotify e outras.
Como já comentei anteriormente, a grande mudança no mercado de trabalho mundial, principalmente na área de TI, já deu a muitos alguma experiência sobre isso. E não apenas aos profissionais em si, mas a equipes, empresas, clientes, etc.
Muito já se viu e ouviu sobre se o trabalho remoto funciona ou não. Muitas coisas já deram certo, mas muitas também podem ter dado errado. Sendo assim, é até compreensível que algumas empresas e/ou clientes façam questão de requisitar experiência prévia bem-sucedida com trabalho remoto.
É um requisito novo começando a aparecer, mas acredito que a partir de agora ele deve se tornar cada vez mais comum em vagas de trabalho remoto, principalmente para posições que exijam responsabilidades mais altas.
Conclusão
Se você é novo na área de TI ou está pretendendo entrar nesse mercado interessado em oportunidades de trabalho remoto internacional, saiba que provavelmente você deve começar investindo na sua carreira no mercado nacional mesmo.
Apesar de surgirem às vezes algumas vagas consideradas de nível júnior (iniciante), elas costumam esperar algum tempo inicial de experiência do profissional e ainda pode acontecer de outros profissionais com um pouco mais de experiência se candidatarem a vagas como essas para embarcar numa carreira internacional ou até mesmo por uma renda melhor do que tem acesso no mercado nacional.
Portanto, talvez seja mais interessante você investir em "enriquecer um pouco mais o seu currículo" antes.
E para os já experientes, com um possível novo requisito surgindo em algumas vagas desse tipo em empresas que são referências no mercado, talvez começaremos a ver vagas um pouco mais seletivas para posições remotas.
Com isso, talvez não seja tão fácil conseguir aquela oportunidade que você mais gostaria sem já ter trabalhado remotamente antes. Mas ainda existem muitas oportunidades disponíveis que não pedem esse requisito, que geralmente são de empresas menores e menos conhecidas. Essas podem ser a melhore porta de entrada para uma carreira remota internacional, mas ainda assim é bom ter cuidado onde você está pisando.